sábado, 29 de janeiro de 2011

Peça de teatro escrita pela aluna Flávia Granater do curso de Formação de Docentes, como trabalho final para a disciplina de Prática de Formação -

PLURALIDADE CULTURAL

Os seres humanos são muito diferentes, variam na cor da pele, na altura, na forma dos olhos, no cabelo, sexo, religião, valores, e muitos outros. Mas aí aparece uma questão muito intrigante "Por que nós, humanos, embora sejamos uma única espécie biológica, desenvolvemos modos de vida tão diferentes e conflitantes?". Mas é isso que tentaremos mostrar e esperamos que no final esteja respondida esta dúvida.

Parte 1

NARRADOR: há muito e muito tempo , no tempo das cavernas, os seres humanos que habitavam o planeta, procuravam sempre seres que fossem semelhantes a eles e assim se uniam para sobreviver ao mundo hostil, e assim surge a exclusão, pois aqueles que eram diferentes eram excluídos e acabavam não sobrevivendo.
( cena com 4 homens das cavernas, um sendo excluído por não ter um braço e andar meio manco.)

Parte 2

NARRADOR: E assim passou os anos com muitos exemplos de exclusão, como as barbaridades no tempo da escravidão e até mesmo as guerras de conquista, com povos bárbaros espalhando o terror por onde passavam.
( cena de um escravo sendo açoitado e logo após uma luta entre bárbaros.)

Parte 3

NARRADOR: E assim chegamos aos dias de hoje e nos perguntamos “ Será que evoluímos o suficiente para superar os preconceitos que a sociedade impôs até hoje?”. Devemos refletir sobre alguns conceitos como “ o que é um aluno normal?”.
( cena de uma aula)
PROFESSORA- Quanto é 3 + 3 ?
JOÃOZINHO- 5, professora!
PROFESSORA- Maria, mostre que você sabe, quanto é 3+3?
MARIA-6, professora!
PROFESSORA- Muito bem Maria! Viu Joãozinho, você devia ser como a Maria!
(A professora e Maria, dão risada)

NARRADOR: Muitos ainda encaram como aluno normal aquele que tem facilidade em aprender e de se expressar, mas devemos considerar que todos somos normais, todos pertencem a espécie humana, então porque essa discriminação? Vamos ver se mais a frente descobrimos essa resposta tão complicada.

(BREVE PAUSA)

Parte 4

NARRADOR: quando discutimos deficiências, temos a ideia de inferioridade, mas esse é mais um preconceito que devemos superar, pois pessoas com deficiência também podem aprender, claro que dentro de suas limitações, mas não é impossível.
(cena de uma pessoa que não tem as mãos, escrevendo segurando o lápis com a boca e se esforçando para aprender.)


Parte 5
NARRADOR: Agora se fala muito de escola inclusiva, mas o que é isso realmente. Escola inclusiva é aquela que pode com uma infraestrutura adaptada, com bons profissionais receber alunos com deficiências para estudar junto com alunos ditos “normais”. Mas sabemos que à muitas dificuldades de incluir como a desinformação, pois todos devemos procurar aprender a lidar com todos os alunos e se não soubermos devemos procurar ajuda e se informar.
(cena de uma professora não sabendo como se comunicar com uma aluna surda, busca ajuda e promete aprender um pouco de libras para facilitar a comunicação entre as duas.)


Parte 6

NARRADOR: Na escola podemos ver que existem medos e podemos classificá-los em cinco medos de incluir que são o medo da nossa crença de predestinação, que considera que todos nascemos com o destino traçado e assim não podemos mudar; o medo de preparação, que é de não estarmos preparados para lidar com o diferente; o medo da injustiça que é de tratarmos algum aluno com mais atenção do que os outros; o medo da avaliação, que é de não sabermos avaliar os alunos e o medo de ter medo que é de não assumir que temos medos.

(breve pausa)

NARRADOR: Para entender melhor esses medos nada melhor que vê-los, então vamos a uma breve história: “ Em uma escola pública onde o preconceito está presente, onde diferentes tipos de intrigas e discriminações regem a sala de aula, alunos de diferentes classes sociais e etnias foram unidos em uma turma, causando uma grande diferença, gerando conflito.
Duas professoras chamam a atenção pelo seu modo de lidar com os alunos, a professora Matilde, de história e a professora Maria Auxiliadora, de geografia, essa sem condições de trabalhar com alunos tão diferentes.
Em um período regido por brigas as professoras tentam controlar a turma, mas somente uma conseguirá mudar essa realidade.
(cena- aula da professora Maria Auxiliadora)


PROFESSORA- Bom dia turma!
( os alunos não respondem)
( bagunça na sala, bolinhas de papel, muita conversa)
DRIKA- Poxa cara, você viu cada mina linda nessa sala)
(Os dois meninos comentam sobre as meninas e logo após chega o Vanderlei)
VANDERLEI- Oi, algum de vocês teria um tempinho para estudar hoje?
DRIKA- (empurra o Vanderlei)- Pô cara, meu negócio é mulher, vai estudar com o teu bando!
PROFESSORA- Vanderlei, volta para seu lugar e para de incomodar os meninos.
(Vanderlei vai sentar e logo chega Giseli )
GISELE-(chega atrasada)- Com licença professora, cheguei atrasada por causa da dificuldade que tenho de acesso e condução até aqui.
PROFESSORA- Pegou autorização para entrar em sala?
GISELE- Não.
PROFESSORA- Então dirija-se até a sala da pedagoga e só volte com autorização.
NARRADOR- A menina se dirige com muita dificuldade á sala da pedagoga, mas será que tudo isso foi realmente necessário? Vamos continuar com a história.
JÉSSICA E LUCI-( conversando)
MARI H- Por favor, vocês só pensam em besteira, será que dá pra prestar atenção na aula.
JÉSSICA E LUCI- Fica quieta sua fora de moda, vai ler sua bíblia.
PROFESSORA- Mari, você já copiou a matéria, não se importe com as meninas.

(Os alunos começam a discutir, bagunçar e jogar bolinhas de papel)

PROFESSORA- Chega! Não suporto mais isso, vou chamar a pedagoga.
( a professora sai e logo volta acompanhada da pedagoga.)

PEDAGOGA- É uma vergonha ter que vir chamar atenção em uma sala de pessoas adultas por esses motivos. Vocês são seres humanos e tem que aprender a conviver juntos, vocês precisam uns dos outros.

(BATE O SINAL)

NARRADOR- Nessa aula podemos observar alguns medos de incluir como o medo da nossa crença de predestinação, pois a professora considera que aqueles que são diferentes não tem chances iguais aos outros por nascerem assim. Outro medo é da preparação, pois ela não está preparada para uma turma com tantos conflitos e o pior é o medo de ter medo, pois ela não assume que não sabe, que não está preparada e não busca ajuda para superar as dificuldades. Então vamos ver como a outra professora se sai?
A professora Matilde, por buscar conhecer seus alunos mais a fundo, buscou um tema polêmico para ver como seria aceito pelos alunos.

PROFESSORA: Bom dia turma, hoje vamos trabalhar o tema “escravidão”. O que vocês lembram quando ouvem essa palavra?
( nesse momento Daiane chega atrasada)
DAIANE- Que nojo, vou ter que sentar perto daquela neguinha!
PROFESSORA: Daiane, isso não é jeito de tratar sua colega.
DAIANE- Ela é negra e isso é suficiente para mim.
PROFESSORA: Pessoas negras e brancas tem os mesmos sentimentos, sentem as mesmas dores e merecem receber respeito por igual.

NARRADOR: A professora vendo o nível de preconceito na sala resolve fazer algo diferente para mostrar para a turma que eles são todos iguais.
(professora faz uma linha no centro da sala)

PROFESSORA: Quero que todos venham ao centro da sala, fiquem de frente uns com os outros e a cada pergunta que eu fizer se sua resposta for diferente quero que voltem ao seu lugar.
(os alunos vão para o centro da sala)
PROFESSORA: O que vocês estão vendo de diferente em seus colegas?
TODOS: Tudo!!!!
PROFESSORA: Quem tem 16 anos ou mais?
ALUNOS: ( respondem a idade, todos com 16 anos ou mais)
PROFESSORA: Que tipo de música mais gostam?
ALUNOS: Tecno.

( chega a pedagoga e olha o que estão fazendo e sai para buscar a outra professora para ver)

PROFESSORA: Quem já levou advertência?
ALUNOS: Eu, eu, eu, eu...
PROFESSORA: Quem já sofreu preconceito nessa sala?
ALUNOS: Eu, eu, eu, eu....
PROFESSORA: Então porque esse preconceito uns com os outros?
ALUNOS: (ficam calados e de cabeça baixa)
PROFESSORA: Na realidade somos todos iguais, mas por instinto de adaptação usamos de preconceitos para excluir pessoas diferentes. É preciso compreender melhor a si e aos outros, todos somos iguais, o que muda é a cultura de cada um, o que traz características interessantes em cada um.
PROFESSORA: Agora pergunto, quem quer conhecer melhor os seus colegas?
ALUNOS: ( lentamente um por um levantam a mão e após se abraçam)

NARRADOR:Vendo o que a professora Matilde foi capaz de fazer, a professora Maria Auxiliadora revê seus conceitos e aceita que à ajudem a superar suas dificuldades e a trabalhar melhor com seus alunos.

NARRADOR: Numa escola para se tornar inclusiva, o corpo docente deve unir-se num mesmo ideal. A inclusão é difícil nas escolas em que cada professor trabalha somente para si, sem buscar trabalhar em equipe. Se todos buscarmos nos unir, independente de nossa diferenças, venceremos nossos instintos e seremos novos seres humanos, abertos tanto para os similares, como para quem nos parece diferente aos olhos, mas que no interior é igual a todos os outros.

( todos se reúnem)

VANDHO- “ Deficiente” - É aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é o dono do seu destino.
DRIKA- “Louco”- É quem não procura ser feliz.
ROSÂNGELA-“Cego”- É aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria.
MARI M-“Surdo”- É aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou um apelo de um irmão.
JÉSSICA- “Mudo”- É aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
LUCI-“Paralítico”- É quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.
SANDRA-“ Diabético”- É quem não consegue ser doce.
MARI H-“ Anão”- É quem não sabe deixar o amor crescer.
GISELE-“Miserável”-
TODOS- Somos todos que não conseguimos falar com Deus.


FIM

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