segunda-feira, 17 de maio de 2010

PRÁTICA PEDAGÓGICA REPETITIVA E REFLEXIVA


PRÁTICA PEDAGÓGICA REPETITIVA E REFLEXIVA


Por: Profª Pedagoga Cleoci Seledes


“ [...] A prática pedagógica reflexiva é caracterizada pelo trabalho coletivo entre pessoas curiosas, inquieta e insatisfeitas com os resultados do próprio trabalho [...]”


Para que isso aconteça é necessário compreender a prática pedagógica, e se conscientizar de que essa significa ação concreta, efetiva, procurando resolver questões imediatas. Sabe-se, no entanto, teoria e prática são indissociáveis, ou seja, não há como separá-las. E ainda, como atividade humana, a prática pedagógica se constitui em atividade prática ou guiada por intenções conscientes,deste modo, pode se ter uma atividade prática repetitiva ou reflexiva.

No que diz respeito à prática pedagógica repetitiva há um rompimento entre teoria e prática ocorrendo, portanto dificuldades para introduzir o novo, tornando a prática do professor vaga e desinteressante, com as atividades docentes sem reflexões, levando assim o profissional da educação a alienar-se do seu trabalho bem como de seus colegas de profissão, podendo até mesmo não se reconhecer naquilo que faz. Mesmo havendo consciência por parte do profissional da profissão em relação à sua prática, esta poderá desaparecer devido ao caráter mecânico e burocrático daquela prática.

Já a prática reflexiva é envolvida por um processo de conscientização que se desenvolve a partir do momento em que as pessoas em seus grupos discutem e passam a enfrentar seus problemas comuns. Sendo assim,: Alonso(1999, p. 23) “[...]prática pedagógica reflexiva tem como pontos de partida e chegada a prática social.” Com base nisso, a autora afirma que não há como separar teoria e prática e, que a prática pedagógica tem como principal preocupação produzir mudanças qualitativas. Mas apara que isso aconteça é necessário estar provida de conhecimentos críticos e aprofundados da realidade. A prática para Alonso (1999, p.23) “caracteriza-se como fonte de conhecimentos e de novos conhecimentos.” Sabe-se que a estrutura tanto da escola, quanto do ensino encontra-se de modo fragmentado, setorizado e centralizado, dificultando assim, a união entre as pessoas para discutirem e enfrentarem em conjunto seus problemas comuns.

A autora que acredita que somente ações coletivas e planejadas é que poderão surtir transformações significativas, tanto nas relações sociais de poder, no sistema de ensino e na escola, a qual tem como função transmitir o conhecimento socialmente construído, elaborado e sistematizado à todas as pessoas. Sabe-se ainda que o professor está muito limitado ao modelo de sua formação, são poucos, porém, os que percebem que a maioria dos problemas que surgem no cotidiano de sala de aula, bem como na escola como um todo, estão relacionados à ação docente diante da sua postura frente ao conhecimento.

Nesse sentido, Alonso (1999) acrescente que não há como atribuir somente a fatores externos as dificuldades encontradas em trabalhos com alunos como:

a) desinteresse;
b) indisciplina;
c) falta de estudo;
d) problemas familiares;
e) repetência;
f) problemas sócio-econômicos.

Enfatiza a autora, que é necessário fazer algo que possa ajudar a sanar tais situações que deixam mais difícil o trabalho da escola.

Acredita-se que a formação do profissional da educação precisa ser repensada, havendo, porém necessidade de construção de uma competência pedagógica de aperfeiçoamento de recursos humanos, bem como de capacitação em serviço.

Nos complementa Alonso(1999, p 28), “[...] uma nova competência pedagógica se origina na própria prática, no debruçar-se sobre ela, no movimento dialético ação-reflexão- ação.” Busca-se dessa forma a construção de uma prática pedagógica reflexiva, crítica e criativa. Sendo necessário, para tal, haver uma ação coletiva que possa permitir discussão do conhecimento, bem como troca de experiência permitindo o confronto que dará o amadurecimento das perspectivas, para então consolidar competências para os profissionais da educação e para a escola.

Entende-se assim, que a prática pedagógica reflexiva é caracterizada pelo trabalho coletivo entre pessoas curiosas, inquieta e insatisfeitas com os resultados do próprio trabalho e que acima de tudo vê no grupo uma forma de explorar e enriquecer sua própria individualidade.

Nos complementa Alarcão (1996) que a grande quantidade de informações armazenadas não oferece a garantia para formular bons juízos, uma vez que há três caraterísticas importantes ao ato de julgar, sendo estes: a dúvida, o discernimento dos fatos e a decisão final ou conclusão.

As mudanças na prática educativa são que levariam a melhoria da qualidade do ensino e tais mudanças passam pela formação reflexiva dos profissionais da educação, uma vez que estes, como práticos-reflexivos, serão pessoas fundamentais para o processo educativo no qual estão inseridos. E no modelo de formação de profissionais da educação como elementos reflexivos, a prática ganha espaço se tornando peça fundamental de todo o currículo, assumindo-se assim, como lugar de aprendizagem e de construção do pensamento prático do professor.

As estratégias de formação de professores segundo Candau (1997), não devem ter como objetivos somente competências técnicas, mas auto-conhecimento, assim como a autonomia e o compromisso político do profissional da educação, estes são considerados aspectos fundamentais da formação profissional do educador.



REFERÊNCIAS

ALARCÃO, Isabel. Formação reflexiva de professores: estratégias de supervisão. Porto: Porto Editora,1996.,
ALONSO, Myrtes. (Org). O trabalho docente: Teoria e prática. São Paulo: Pioneira, 1999.
CANDAU, Vera M. Magistério: construção cotidiana. Petrópolis: Vozes, 1997.

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