sábado, 23 de abril de 2011

PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULARPROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR-

COLÉGIO ESTADUAL BARÃO DO CERRO AZUL
ENSINO FUNDAMENTAL, MÉDIO , NORMAL E PROFISSIONAL
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR
FUNDAMENTOS PSICOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
1. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA/ JUSTIFICATIVA:


O estudo dos autores considerados clássicos propicia o entendimento da sociedade relacionada com a práxis educativa. Émile Durkheim é um marco no surgimento da Sociologia como ciência e como disciplina. Além de ter contribuído para a definição do objeto e do método sociológico, foi um dos pioneiros na inclusão da Sociologia no currículo acadêmico, especificamente no curso de formação de professores, no qual lecionava. Destaca-se na teoria durkheimiana sua concepção de sociedade como um organismo composto por distintas instituições que se complementam e se interpenetram, cada uma desempenhando uma função e formando um todo homogêneo e consensual. Nesse arcabouço explicativo a educação ocupa lugar central como um fato social, que contribui para a “socialização metódica das novas gerações” e para integrar os indivíduos na sociedade em que estão inseridos, disseminando a consciência coletiva. Ao tratar das relações entre o educador e a criança submetida à sua influência, DURKHEIM (1967, p. 5354) defende que a criança fique “por condição natural, em estado de passividade” e o educador assume uma posição de superioridade advinda da sua experiência, sua cultura e da moral que ele encarna. Assim a ação educativa é entendida como um trabalho de autoridade. A autoridade é o meio essencial da ação educativa. “A autoridade moral é a qualidade essencial do educador”.
Essa concepção de educação e do papel do professor influenciou as práticas pedagógicas adotadas no Brasil ao longo da história da educação e a atividade docente que nela se realiza. Como pode se observar nas tendências pedagógicas, especialmente na sua vertente tradicional que tem no professor a figura central do processo ensino aprendizagem, como detentor do domínio de conteúdos que devem ser repassados aos educandos que devem se portar passivamente como receptores de conteúdos.
Prática docente denominada de “bancária” e enfaticamente criticada por Paulo Freire; as idéias de Durkheim influenciaram vários autores destacando-se Fernando Azevedo e Anísio Teixeira influentes educadores da escola nova. Noutra perspectiva, temos a teoria crítica fundamentada no materialismo histórico dialético de Karl Marx, que influenciou todo o pensamento crítico em educação, começando pelas idéias reprodutivistas de Althusser, Establet e Baudelot que ressaltaram a contribuição da educação na reprodução das relações sociais de produção. Para Marx, a sociedade se estrutura por uma base constituída das forças produtivas e das relações de produção, da onde se originam as idéias, a política, a religião, o direito e a filosofia que constituem a superestrutura. As relações de produção classistas são conflitivas e contraditórias provocando constantemente crises que não encontram solução nos marcos da sociedade burguesa. Assim, ele defende uma revolução liderada pelas classes trabalhadoras para superar essa sociedade classista e a criação de uma sociedade onde não mais existiria a exploração do homem pelo homem, culminando numa sociedade comunista, na qual os meios de produção seriam coletivizados.
Marx não se deteve numa discussão sobre a educação, sua teoria se concentrou na análise econômica, sociológica, histórica e filosófica, da sociedade capitalista, mas o desdobramento de suas análises das relações de poder inerentes às relações classistas produziu contribuições importantes para a compreensão da escola e da ação educativa.
Essas e outras diferentes concepções de sociedade e de educação permitem uma análise de diversos temas tratados pela Sociologia da Educação, destacando-se: concepções de sociedade, de educação, a relação entre educação e sociedade, as relações de poder na escola, as determinações das políticas educacionais, a relação entre classes sociais e o acesso à educação escolar, os fundamentos das tendências pedagógicas na prática escolar, questões das realidades sociais e educacionais.
O curso de Formação de Docentes em nível médio é um campo de conhecimento interdisciplinar, no qual aglutinam-se contribuições de vários campos de conhecimentos, especialmente das Ciências Humanas. Nesse sentido a disciplina Sociologia da Educação, caracterizada como um olhar sociológico sobre o fato educativo tem contribuído para fundamentação de diversas disciplinas que compõem o currículo do curso e para a compreensão da realidade educacional no contexto da sociedade brasileira o que justifica a sua presença na estrutura curricular. A Sociologia da Educação tem o papel de oportunizar aos educandos uma compreensão crítica da realidade social, política, econômica e cultural na qual a escola e a educação estão inseridas e contribuem para uma formação de educadores com uma visão crítica que possa formar indivíduos para compreenderem e transformarem a realidade onde vivem.
A educação entendida como uma prática social que busca formar indivíduos para a vida em sociedade, deve proporcionar uma visão que os permita uma compreensão da sociedade em todas as suas dimensões. Para tanto se torna necessário um currículo que em seus conteúdos e em suas práticas possibilitem uma problematização e reflexão crítica das relações sociais, das relações de poder existentes na sociedade.
Embora o campo de conhecimento da Sociologia não garanta por si só, o compromisso de promover uma educação crítica e transformadora, pela sua especificidade de analisar a sociedade sob o prisma de vários olhares que as diversas perspectivas analíticas ensejam, já possibilita uma ampliação da compreensão da realidade social e da educação como um fenômeno fundamental na transmissão da herança cultural, dos modos de vida, das ideologias, na formação para o trabalho que guarda uma estreita relação com a realidade em cada contexto histórico. Daí a importância dessa disciplina no currículo dos cursos de formação de educadores.
A proposta de currículo do curso Normal, em Nível Médio, está calcada numa visão educacional em que o trabalho é o eixo do processo educativo, porque é através dele que o homem, ao modificar a natureza, também se modifica numa perspectiva que incorpora a própria história da formação humana. Portanto, o trabalho deve ser o centro da formação humana em todo o ensino médio e não apenas naquele que tem o adjetivo de profissionalizante. Ter o trabalho como princípio educativo implica compreender a natureza da relação que os homens estabelecem com o meio natural e social, bem como as relações sociais em suas tessituras institucionais, as quais desenham o que chamamos de sociedade. Assim, a educação é também uma manifestação histórica do estar e do fazer humano que fundamentam o processo de socialização. Como nos ensina Gramsci, os fundamentos científicos da compreensão e da produção social do saber e dos modos de produzir a vida precisam ser explicitados num projeto de educação emancipatória.
Se o trabalho é um dos princípios educativos do currículo de formação de professores, então a prática docente deve ser encarada no sentido da práxis, o que significa dizer que a dimensão política torna-se a chave para a compreensão do saber e do fazer educativo. Ou seja, compreendem-se os processos de conhecimento científico e de todos os tipos de conhecimentos a partir de sua natureza social, como produto coletivo de relações amplas entre objeto-coletividade e não de indivíduo-objeto, numa dimensão tipicamente individualista.
A disciplina de Fundamentos Sociológicos, possibilitará suportes teóricos para elaboração de roteiros de observação e investigação nestas realidades. Espera-se com essa temática não só a ampliação da visão dos alunos acerca da natureza do trabalho do professor, mas também a percepção das especificidades do ofício diante de diferentes demandas sociais e políticas.


2. CONTEÚDOS:

O que é educação e o que é sociologia? A Educação como um fenômeno que é estudado pelas ciências sociais, especialmente pela sociologia. Os diferentes olhares sobre a educação. Educação em diferentes formações sociais. Educação na teoria de Durkeim. Educação na teroria de Karl Marx. Educação na teoria de Weber. Educação na teoria de Gramsci. Educação na teoria de Florestan Fernandes. Educação e a industrialização. Relação entre saber e poder. Educação dentro e fora da escola. Teorias sobre a educação escolar e a desigualdade social. Bordieu: educação e reprodução cultural. Escola no Brasil. A educação como fato social, com as características de coerção, exterioridade e generalidade. Indivíduo e consciência coletiva. A Educação em diferentes formações sociais. Gênero e a educação. Desigualdades de acesso à educação. Educação escolar e exclusão social. Educação como fator essencial e constituitivo do equilíbrio da sociedade. A educação como técnica de planejamento e desenvolvimento da democracia. Crítica a essa visão teórica.




3. METODOLOGIA DA DISCIPLINA:

Os conteúdos da disciplina de Fundamentos Sociológicos da Educação serão abordados de forma crítica e dinâmica, de maneira que a teoria esteja diretamente vinculada a prática, e interligada com a realidade dos educandos.
Na organização do currículo isso se refletirá se possibilitarmos, em todas as etapas didáticas da formação, espaços e tempos em que docentes e alunos possam enfrentar todas as dimensões do trabalho de professor como práxis, como atividade humana, condicionada pelo modo de produção de vida predominante, mas que, por lidar com a dimensão mais política da socialização humana, tem o compromisso com o futuro e com a transformação.
Para desenvolver o trabalho com a classe, o professor poderá fazer o uso de metodologias de ensino diversificadas, que atendam as especificidades dos educandos, tais como:
Texto: preferencialmente utilizados como introdução ao conteúdo, síntese ou leitura complementar. O aluno deve ser estimulado a ler além das palavras, contraporem idéias e compreender diferentes interpretações sobre um mesmo tema, analisando e argumentando.
Experimentos: não deve consistir apenas numa forma de constatação, mas sim de interpretação dos resultados obtidos e comparação com os previstos.
Debates: devem ser precedidos pelo domínio do tema proposto, para que a argumentação seja significativa e possibilite a interação da turma. Trata-se de uma excelente estratégia de ampliação do universo do aluno, devendo o professor selecionar aspectos relevantes ao assunto.
Aulas expositivas: através delas o professor transfere os conteúdos aos seus alunos. São muito úteis para fornecer informações prévias para um debate, jogo ou até experimento. Porém, serão adequadas se estiverem baseadas no diálogo, na participação efetiva dos alunos e na construção coletiva do conhecimento.
Recursos Tecnológicos: adequados quando utilizados como complementação ou introdução. Um filme, um software, uso da TV pen drive, utilização do laboratório de informática e internet, um slide ou uma música podem contemplar tanto a necessidade concreta quanto a cognitiva, uma vez que o aluno terá que estabelecer conexões com o conteúdo estudado e aprofundar suas relações.
Jogos: são caracterizados pelo cunho desafiador, estimulando os alunos à superação de um problema.
Pesquisas: solicitadas como complemento do tema estudado, para anteceder uma discussão. O professor orientará o aluno, desde as fontes bibliográficas até o objetivo da pesquisa, delimitando ao máximo o assunto.
Projetos: É uma estratégia mais elaborada e de grande relevância ao aprimoramento teórico-prático dos alunos na Formação de Docentes; o projeto por sua vez, apresenta várias etapas: seleção do assunto, justificativa, objetivos, pesquisa de cunho bibliográfico, planos de aula e relatório final.
Aulas Práticas: sua função maior é proporcionar autonomia ao aluno para analisar resultados e inferir conclusões.
E ainda, o docente poderá fazer o uso de outras estratégias educativas, como:
• Organizar os assuntos em momentos de estudo individual, grupos e trabalho coletivo;
• Uso de vídeos específicos com análise, discussão e interpretação de fatos;
• Trabalho com figuras ilustrativas, charges, etc.;
• Entrevistas, coletas e organização e utilização de dados;
• Leitura, produção e interpretação de textos;
• Análise e interpretação de letras musicais;
• Produção de paródias;
• Montagem de painéis;
• Técnicas de desenvolvimento da expressão oral;
• Palestras;
• Montagem de painéis;
• Apresentação de mini aulas e dramatizações;
• Produção de histórias em quadrinhos;
• Montagem de textos ilustrados e atividades lúdicas;
• Criação de peças teatrais;
• Oficinas e
• Seminários.



4. PROPOSTA PARA AVALIAÇÃO

A avaliação dar-se-á a partir do processo de ensino e aprendizagem, sendo realizada de forma contínua, cumulativa e formativa, com o objetivo de diagnosticar a situação de aprendizagem de cada aluno, em relação à programação curricular. A avaliação não priorizará apenas o resultado ou o processo; contudo, terá como prática de investigação, interrogar a relação ensino aprendizagem e buscar identificar os conhecimentos construídos e as dificuldades de uma forma dialógica. O erro deverá ser considerado como um indicativo de como o educando está relacionando os conhecimentos que já possui com os novos conhecimentos que vão sendo adquiridos, admitindo uma melhor compreensão dos conhecimentos solidificados, numa interação do processo de construção e de reconstrução do conhecimento.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96, prioriza a educação em valores; segundo a qual, aprende-se para adquirir novas atitudes e valores. A LDB, ao se referir à verificação do conhecimento escolar, determina que sejam observados os critérios de avaliação contínua e cumulativa da atuação do educando, com prioridade dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais (Art. 24, V-a). Assim, o educando desenvolve a noção de responsabilidade e uma atitude crítica.
Desta forma, faz-se necessário criar oportunidades para que o aluno pratique a auto-avaliação, começando pela apreciação de si mesmo, de seus erros. Daí, a necessidade de uma educação dialógica, balizada na troca de idéias e opiniões e de uma conversa. A avaliação quando dialógica culmina na interação e no sucesso da aprendizagem, deve ser vista como função diagnóstica, dialógica e transformadora da realidade escolar.
A avaliação a ser feita tenderá a ser desenvolvida através de formas diversificadas, levando em consideração a participação ativa dos alunos em todas as circunstâncias, tais como:
• Argumentação oral;
• Resultados obtidos em exercícios, testes, trabalhos, pesquisas, experiências;
• Produção e interpretação de diferentes tipos de textos;
• Relatório descritivo de elaboração de experimentos;
• Relatórios de exibição de vídeo e pesquisas;
• Elaboração de painéis e textos ilustrativos;
• Produção de histórias em quadrinhos;
• Coleta e organização de informações;
• Análise, produção, interpretação e uso de recursos gráficos;
• Simulação de teste; provas;
• Análise e interpretação de letras musicais;
• Produção de paródias;
• Palestras;
• Resultados obtidos em dramatizações;



5. REFERÊNCIAS:


ALVES, Nilda e GARCIA, Regina Leite (Orgs.) O sentido da escola. 2ª edição. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

Curriculares da Rede pública de Educação Básica do Estado do Paraná – Sociologia. Curitiba, 2006. TOMAZI, N. D. Sociologia da educação. São Paulo: Atual, 1997.

DURKHEIM, Émile. Educação e sociologia. 7. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1967.

FORQUIN, JeanClaude. Escola e Cultura: as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar. Porto alegre. Artes Médicas. 1993


OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. 28ª ed. 4ª impressão. São Paulo: Ática, 2001.

PARANÁ. Diretrizes Curriculares Estaduais para o Ensino de Fundamentos Psicológicos da Educação. Formação de Docentes. SEED/PARANÁ. Curitiba, 2009.

PARANÁ. Projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual Barão do Cerro Azul. Cruz Machado, 2008.

SILVA, Kelly Cristine Corrêa da. Os lugares da Sociologia na formação escolar de estudantes do ensino médio: a perspectiva de professores. 26ª Reunião anual da ANPED, Poços de Caldas, 2003.

TOMAZI, Nelson Dácio. Sociologia da Educação. São Paulo: Atual, 1997.

Nenhum comentário:

Postar um comentário