sábado, 23 de abril de 2011

PROPOSTA CURRICULAR DE SOCIOLOGIA

COLÉGIO ESTADUAL BARÃO DO CERRO AZUL - ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

PROPOSTA CURRICULAR DE SOCIOLOGIA


APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

A Sociologia é fruto do seu tempo, um tempo de grandes transformações sociais que trouxeram a necessidade de a sociedade e a ciência serem pensadas.
Nesta encruzilhada da ciência, reconhecida como saber legítimo e verdadeiro, a sociedade a clamar mudanças e a absorvê-las, nasceu a Sociologia. Portanto, no auge da modernidade do século XIX surge, na Europa, uma ciência disposta a dar conta das questões sociais, que porta os arroubos da juventude e forja sua pretensa maturidade científica na crueza dos acontecimentos históricos sem muito tempo para digeri-los.
O objeto de estudo e ensino da disciplina de Sociologia são as relações que se estabelecem no interior dos grupos na sociedade, como se estruturam e atingem as relações entre os indivíduos e a coletividade. Ao se constituir como ciência, com o desenvolvimento e a consolidação do capitalismo, a Sociologia tem por base a sociedade capitalista, contudo, não existe uma única forma de interpretar a realidade e esse diferencial deve fazer parte do trabalho do professor.
O contexto de nascimento da Sociologia como disciplina científica é marcado pelas consequências de três grandes revoluções: uma política, a Revolução Francesa de 1789; uma social, a Revolução Industrial e uma revolução na ciência, que se firma com o Iluminismo, com sua fé na razão e no progresso da civilização. Esses acontecimentos conjugados – a queda do Antigo Regime e a ascensão da democracia; a industrialização expandida pelas máquinas e a concentração de trabalhadores nas cidades; e a admissão de um método científico propiciado pelo racionalismo – garantem as condições para o desenvolvimento de um pensamento sobre a sociedade. Inicialmente, um pensamento de cunho conservador desenha-se mais como uma forma cultural de concepção do mundo, uma filosofia social preocupada em questionar a gênese da sociedade e a sua evolução.
Tendo como referência os autores clássicos e os contemporâneos a Sociologia se propõe a interpretador o mundo, em suas mais diversas faces.
Nesse sentido a Sociologia não é uma ciência inocente, neutra, pois, ao estudar os homens e o mundo que eles criam ao longo da história, ela se posiciona, influencia posições e ações.
Os fenômenos sociais, tais como, instituições sociais, grupos sociais, classes sociais, ideologias, estado, religião, guerra, desigualdades sociais, educação, mudança e conservação, mundialização, modernidade e pós-modernidade, entre outros, são objetos de estudo da Sociologia.

HISTÓRIA DA INTERMITÊNCIA DA DISCIPLINA SOCIOLOGIA NOS CURRÍCULOS NO BRASIL
1890 - Por influência de Benjamim Constant a sociologia foi incluída nos cursos superiores e secundários, porém devido a sua morte na época da implantação dos currículos a Sociologia foi deixada de lado.
1925 – A Reforma Rocha Vaz, a Sociologia foi introduzida nas escolas secundárias do Brasil.
1928 - A sociologia passa a ser ministrada nas Escolas de formação de professores, a Escola Normal, atualmente Magistério.
1931 – Reforma Francisco Campos ratifica a permanência da disciplina no Ensino Médio, fazendo com que ela fique no currículo até 1942.
1933 – Criação da Escola de Sociologia e Política em São Paulo
1934 – Criação do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo.
1942 – Reforma Capanema retirou a obrigatoriedade do ensino da Sociologia nas escolas secundárias
1961 – Lei n.º 4.024, a Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional garante o retorno da Sociologia nos cursos secundários regulares (científico ou clássico)
1971 – Lei n.º 5.692, a Sociologia deixa de ser disciplina obrigatória e passa a figurar entre um rol de 104 disciplinas optativas. O ensino secundário transforma-se em ensino profissionalizante, deixando pouco espaço para as ciências sociais, a sociologia praticamente desaparece das escolas.
1982 – Lei n.º 7.044, altera aspectos da legislação anterior, relativizando o caráter de profissionalização do ensino de 2.º Grau, abrindo mais espaço para as Ciências Humanas.
1996 – Lei n.º 9.493 de 20/12, a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, anuncia no artigo 36, parágrafo 1.º, inciso III, que os alunos, ao final do Ensino Médio deverão ter domínio dos conhecimentos de Sociologia e Filosofia.
1999 – O MEC publica os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – PCEM, propondo uma organização curricular por áreas, incluindo a Sociologia e a Filosofia na Área de Ciências Humanas e suas Tecnologias.
1999 - O Projeto de Lei do Deputado Padre Roque, que obriga a inclusão da Sociologia e da Filosofia em todos as escolas do país é aprovado na Câmara Federal.
2.000 – a Universidade Estadual de Londrina aprovou novo formato de vestibular para julho de 2.002. No novo formato as provas serão elaboradas pela própria UEL e serão organizadas por áreas de conhecimentos requeridas pelos cursos de graduação, adaptando-se, dessa forma a LDB e aos Parâmetros Curriculares Nacionais.
2001 – O presidente Fernando Henrique Cardoso veta a lei que obrigaria as escolas a incluírem as disciplinas Sociologia e Filosofia como obrigatórias, conforme projeto proposto pelo Deputado Federal Padre Roque e aprovado na Câmara e no Senado.
2006 – As disciplinas de Sociologia e Filosofia são obrigatórias no Ensino Médio, por força de Leis Estaduais e Federais, deixando de ter o seu caráter facultativo, ou conteúdos englobados na Geografia ou na História e deverão ser incluídas na Base Nacional Comum.
Em função de sua história como disciplina escolar, a Sociologia teve dificuldade em desenvolver uma tradição pedagógica, ou seja, a produção do saber pedagógico sobre a ciência de referência (a Sociologia) ocorre de modo fragmentário e esparso ao longo do tempo e do espaço. As reflexões sobre como se deve ensinar os conceitos sociológicos e a criação de recursos para isso, tais como, livros didáticos e materiais de apoio não conseguem ter uma continuidade e acumular reflexões que possibilitem a melhoria do ensino desta disciplina.
Consolidá-la de uma vez por todas nas grades curriculares possibilitaria a ampliação e o aprofundamento de uma tradição de ensino, como existe em outras áreas do conhecimento. A disciplina precisaria estar sempre nos currículos para que os formados em Ciências Sociais pudessem ingressar nas escolas, ter estímulo para continuar sua formação voltada para a educação. As Ciências Sociais e os sociólogos foram sendo expulsos das Escolas nas décadas de 1970 a 1990. Isso repercutiu nas licenciaturas que tiveram pouco investimento material e humano nesse período.
Tendo como referência os autores clássicos e os contemporâneos a Sociologia se propõe a interpretador o mundo, em suas mais diversas faces. Nesse sentido a Sociologia não é uma ciência inocente, neutra, pois, ao estudar os homens e o mundo que eles criam ao longo da história, ela se posiciona, influencia posições e ações.
Os fenômenos sociais, tais como, instituições sociais, grupos sociais, classes sociais, ideologias, estado, religião, guerra, desigualdades sociais, educação, mudança e conservação, mundialização, modernidade e pós-modernidade, entre outros, são objetos de estudo da Sociologia.


• Levar o aluno a entender a Sociologia como ciência social, diferenciando-a de outras ciências;
• Compreender a relação que existe na convivência das pessoas em sociedade;
• Abordar nossa sociedade e sua relação com o universo da informática;
• Conhecer o processo de transformação da natureza e o excedente econômico das sociedades;
• Refletir sobre a importância do trabalho e da cultura na organização e desenvolvimento da civilização humana, caracterizando diversas formas de saber e ver o mundo;
• Incentivar a participação e a interferência do aluno na sociedade que vive, estimulando-o a se tornar mais crítico;
• Conhecer a relação entre o econômico e o político na sociedade contemporânea, ressaltando o estudo das formas de poder presentes no Estado e nos movimentos sociais;
• Fazer um paralelo entre sociedade primitiva versus sociedade contemporânea e toda a sua evolução social;
























CONTEÚDO

A trajetória do ensino da Sociologia, tanto em nível estadual quanto nacional, caracterizada pela descontinuidade e desvalorização, deixou marcas que dificultam a consolidação dessa disciplina no currículo escolar. No âmbito institucional, projetos e parcerias que contemplem a atuação conjunta e mais integrada dos cursos do Ensino Médio e as licenciaturas em Ciências Sociais existentes no estado do Paraná, trariam vitalidade intelectual a ambos os níveis de ensino.
Para dar mais sentido ao estudo, a disciplina está organizada em Conteúdos Estruturantes, que são saberes que fundamentam uma disciplina e a identificam enquanto campo do conhecimento. Como a Sociologia relaciona-se com outras ciências sociais como a Antropologia e, Ciência Política e as relações sociais, consideramos que os conteúdos estruturantes para o Ensino Médio devem abarcar todos os conhecimentos fundamentais dessas áreas.
Dentro das propostas apresentadas pela SEED, tivemos a constatação que os conteúdos: O Surgimento da Sociologia, Teorias Sociológicas na Compreensão do Presente e A Produção Sociológica Brasileira, que são contemplados no Livro Didático Publico, não podem ser considerados estruturantes, pois apesar de serem fundamentais, estes campos são de atingem uma grande amplitude, entretanto devemos contempla-los em todo período letivo, independente do conteúdo a ser ministrado.

1ª Série

A) CONTEÚDO ESTRUTURANTE: INSTITUIÇÕES SOCIAIS.
1. Instituição familiar.
2. Instituição escolar.
3. Instituição religiosa.

B) CONTEÚDO ESTRUTURANTE: TRABALHO, PRODUÇÃO E CLASSES SOCIAIS
1. O processo de trabalho e a desigualdade social
2. Como Marx via o mundo do trabalho
3. Capitalismo, Mundo do Trabalho, Neoliberalismo e Globalização
4. O mundo do trabalho no Brasil

O trabalho é a condição de sobrevivência humana. Ao agir sobre a natureza para suprir necessidades de sua existência, os homens transformam as condições
Materiais e a si mesmos, segundo Marx (1975). Nessa relação entre trabalho humano e natureza, além de modificar o meio natural, o homem desenvolve habilidades e obtém domínio sobre a natureza, adequando métodos para alcançar o resultado buscado. Portanto, além do esforço físico despendido é necessária atenção à execução das tarefas planejadas.

A) CONTEÚDO ESTRUTURANTE: CULTURA E INDÚSTRIA CULTURAL
1. Cultura ou Culturas: Uma contribuição Antropológica
2. Diversidade cultural no Brasil
3. Cultura: Criação ou Apropriação
4. Antropologia Brasileira
5. Minorias, preconceito, hierarquia e desigualdade
6. Meio de comunicação de massa
7. Sociedade de consumo brasileira

Não existe uma definição nem uma teoria da cultura que não sejam reticentes. A cultura é um fenômeno amplo no campo da experiência existencial do homem em sociedade e sua origem conceitual data dos primórdios da Antropologia como ciência, no final do século XIX. O inglês Tylor, em Primitive culture (1871), definiu cultura como “um todo complexo que inclui os conhecimentos, as crenças, a arte, a moral, as leis, os costumes e todas as demais disposições e hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro de uma sociedade”, conforme Duvignaud (1974). Depreende-se dessa formulação que a cultura é característica do homem como ser social e é uma aquisição.

B) CONTEÚDO ESTRUTURANTE: PODER, POLÍTICA E IDEOLOGIA
1. Conceito de Ideologia
2. Conceitos de Poder
3. A Formação do Estado Moderno
4. Movimentos Revolucionários e Suas Ideologias
5. O uso ideológico como forma de poder e punição
6. As expressões da violência nas sociedades contemporâneas
7. Democracia, Autoritarismo e Totalitarismo

Poder é um dos temas ao qual a Sociologia tem dedicado maior atenção, não apenas interessada em analisar no que consiste, mas, sobretudo como e se o poder é legitimado. O poder é concebido como a capacidade, a habilidade, o potencial de realizar, obter algo; implica a tendência a condicionar, guiar, oprimir a vontade de outro. Ele é um exercício e o poder exercitado é a política. Poder é ação social.

C) CONTEÚDO ESTRUTURANTES: DIREITOS, CIDADANIA E MOVIMENTOS SOCIAIS
1. Movimentos Sociais
2. Repressão aos Movimentos Sociais
3. O surgimento e a afirmação do Movimento Negro
4. Movimentos Agrários e a questão da terra no Brasil
5. Movimentos Estudantis, Ideologia e Poder Político
6. A questão Indígena
7. A questão Ambiental

Nas sociedades modernas, os direitos sociais devem ser pensados como construções históricas dos sujeitos desses próprios direitos. Assim, podemos falar da cidadania como uma conquista social e não apenas como a condição de quem faz parte da população de uma nação, submete-se a leis e desfruta de direitos sociais. A cidadania é pensada como um conjunto de direitos, que englobam deveres na medida da convivência coletiva, conquistados ao longo da história por diferentes atores sociais.

METODOLOGIA

Nosso mundo exige mudança social. Pede um cidadão com formação sólida, com capacidade de dominar conceitos e desenvolver o pensamento abstrato, crítico e criativo. Vivemos na chamada Sociedade do Conhecimento, que exige um perfil de qualquer profissional, que seja flexível e polivalente, com a formação que privilegie entre outras coisas, a formação do raciocínio lógico, a capacidade de aprender e a iniciativa para resolver problemas.
A abordagem dada aos conteúdos bem como a avaliação do processo de ensino-aprendizagem estarão relacionadas à Sociologia crítica, caracterizada por posições teóricas e práticas que permitam compreender as problemáticas sociais concretas e contextualizadas em suas contradições e conflitos, possibilitando uma ação transformadora do real.
O Ensino de Sociologia pressupõe metodologias que coloquem o aluno como sujeito de seu aprendizado, instigado a relacionar a teoria com o vivido, a rever conhecimentos prévios e reconstruir saberes.
Portanto, nenhuma instituição de ensino pode ficar alheia a estas transformações e isto cabe a todas as áreas do conhecimento. No que diz respeito à Sociologia, que busca a transformação ou incrementação do espírito crítico, é fundamental que se ocupe com questões referentes a existência do homem, uma vez que seu objetivo se constrói na medida em que o homem busca alternativas para seu viver, sendo as relações entre o homem, o outro, a natureza e a sociedade que resultam em socialização.
Para cada conteúdo pode-se criar metodologias diferentes. O importante é tentar problematizar sempre. O que significa isso? Partindo de situações problemas construir as aulas, os materiais, os recursos. São cinco passos: prática social inicial; problematização; instrumentalização, catarse (sentimentalização, envolvimento) e prática social final.
“Na sociedade, há pessoas privilegiadas. Um deles, por exemplo, pode ser aquele que tem o poder de governar e de conduzir os rumos da sociedade, o que muitas vezes pode não ser da maneira mais justa para todos”. GASPARIM.
Partimos da ideia de professor-artesão, que planeja instrumentos de trabalho e revê a ciência e a disciplina de sua formação. Assim, metodologias não são receitas aplicáveis à qualquer conteúdo e em qualquer escola e turmas. Cada escola, cada turma, cada conteúdo exigirá um esforço de elaboração metodológica. As concepções metodológicas de pesquisa da sociologia são fontes importantes de inspiração para as metodologias de ensino.
De forma sintética podemos sugerir que para cada conteúdo o professor eleja textos para uso próprio e para uso do aluno; recursos audiovisuais, como filmes, fotografias, slides, transparências, cartazes, músicas, etc; dinâmicas de grupos; trabalhos como resultado final da aprendizagem, pesquisas no bairro da escola, em instituições sociais, sobre a mídia (TV e rádio), etc; dissertações que reflitam os textos trabalhados, etc.
As aulas de Sociologia podem ser atraentes e despertar nos alunos processos de identificação de problemas sociais que estão de forma jornalística presentes nos meios de comunicação. Como encaminhamentos metodológicos básicos para o ensino são propostos:
• Aulas expositivas dialogadas; aulas em visitas guiadas a instituições e
museus, quando possível;
• Exercícios escritos e oralmente apresentados e discutidos;
• Leituras de textos: clássico-teóricos, teórico-contemporâneos, temáticos,
didáticos, literários, jornalísticos;
• Debates e seminários de temas relevantes fundamentados em leituras e
pesquisa: pesquisa de campo, pesquisa bibliográfica;
• Análises críticas: de filmes, documentários, músicas, propagandas de TV;
análise crítica de imagens (fotografias, charges, tiras, publicidade), entre outros.
Destacam-se aqui alguns encaminhamentos metodológicos para o ensino de Sociologia, os quais devem ser trabalhados com rigor metodológico para a construção do pensamento científico e o desenvolvimento do espírito crítico: pesquisa de campo; análise crítica de filmes e vídeos; leitura crítica de textos sociológicos.
AVALIAÇÃO

A avaliação no ensino de Sociologia, proposta nestas Diretrizes, pauta-se numa concepção formativa e continuada, onde os objetivos da disciplina estejam afinados com os critérios de avaliação propostos pelo professor em sala de aula. Concebendo a avaliação como mecanismo de transformação social e articulando-a aos objetivos da disciplina, pretende-se a efetivação de uma prática avaliativa que vise “desnaturalizar” conceitos tomados historicamente como irrefutáveis e propicie o melhoramento do senso crítico e a conquista de uma maior participação na sociedade.
Pelo diálogo suscitado em sala de aula, com base em leitura teórica e ilustrada, a avaliação da disciplina constitui-se em um processo contínuo de crescimento da percepção da realidade à volta do aluno e faz do professor, um pesquisador. Levando em consideração tais objetivos, a avaliação está centrada em três momentos:
• Na introdução do tema de estudo, quando se problematiza a situação, fazendo um levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos. Esse diagnóstico oferece pistas para direcionar a proposta de desenvolvimento dos trabalhos;
• No desenvolvimento do tema de estudo, investigando, indagando, acrescendo, dando pistas, opções, propondo desafios, para verificar e registrar se os alunos expressam e compreendem adequadamente o que está sendo estudado;
• No fechamento do tema de estudo, retoma-se a problematização que deu origem ao estudo e com base nas produções escritas e orais, verifica-se os avanços em relação ao início do trabalho. Caso seja necessário, recorre-se à prática de intervenções diretas, retomando os conteúdos estudados.
A avaliação é uma prática social presente em atitudes cotidianas, informalmente e em ações organizadas, normatizadas pelas diferentes instituições sociais, formalmente.
Exemplos:
a) Atitudes cotidianas: quando escolhemos uma alimento, uma roupa, um objeto qualquer de uso pessoal, uma profissão, um (a) namorado (a), um (a) amigo (a), etc. Nestas escolhas, nós costumamos avaliar sob critérios e valores que apreendemos ao longo da nossa educação, sobretudo a educação familiar e religiosa.
b) Ações organizadas: quando as diferentes instituições implementam formas de admitir o ingresso e o progresso dos indivíduos nas suas hierarquias. Através de critérios e normas públicas indica-se quem poderá fazer parte da instituição e como ela poderá ascender nos níveis hierárquicos. Os critérios podem variar muito de instituição para instituição. Igrejas, Famílias, Associações, Empresas Privadas, Empresas Públicas, Grupos de Status, Partidos Políticos, Escolas e Universidades estabelecem suas formas de avaliar quem poderá ingressar e como irá ascender nas suas hierarquias.
Assim, avaliar é uma prática social presente em todos os contextos históricos. E não é só a escola que possui rituais de avaliação, mas sim todos os grupos sociais. É verdade que a escola possui uma forma de avaliar mais explícita e, talvez, por isso ganhe uma dimensão tão ampla na vida dos estudantes e dos professores.
Mas, como organizar as práticas de avaliação no processo de ensino-aprendizagem, de maneira que a avaliação não seja um fim em si mesma, mas um meio de aperfeiçoar a educação?
Alguns eixos podem nos ajudar a pensar e organizar métodos de avaliação:
1.º A Avaliação só faz sentido dentro de um projeto social, educacional e humano, ou seja, avaliamos, a partir de um projeto e não, apenas, para verificar resultados
2.º Avaliar no processo educacional é diferente de avaliar no processo de produção ou na forma de organização empresarial, porque estamos lidando com a formação humana e não com a produção de objetos
3.º A avaliação deve ser diagnóstica e processual e não classificatória. Isto significa que avaliamos para detectar os problemas no processo educacional e subsidiar a nossa intervenção; não avaliamos para verificar quem é melhor ou pior; não avaliamos só para constatar que o aluno é fraco, é bom ou ótimo.
4.º A avaliação deve ser organizada, a partir de objetivos a longo, médio e curto prazo, e os critérios devem estar claros para os avaliadores e para os avaliados
5.º A avaliação não é o FIM, mas sim é o MEIO. Meio para aperfeiçoar a metodologia do professor e o desempenho do aluno. Neste sentido, a avaliação é do professor e do aluno, não só do aluno.
6.º A avaliação é um item de um programa maior, de um Plano de Curso, de Unidade, de Aula. É um mecanismo a serviço do desenvolvimento de um projeto de homem, de educação e de sociedade.

A Avaliação na disciplina de Sociologia no Ensino Médio
Como poderia ser feita?
A partir de uma definição clara pelo professor do quê e de como ele pretende ensinar, que tipo de homem pretende formar e através de quais abordagens ele tentará atingir seus objetivos, é que a avaliação deve ser pensada e organizada.
Dessa forma, as atividades de avaliação podem ser processuais, ou seja, a cada conteúdo trabalhado, estabelece quais práticas sociais quer desenvolver nos alunos. Assim, oralidade, escrita, capacidade de argumentação, capacidade de relacionar fenômenos-conceitos-teorias, capacidade de pesquisar, entre outras, podem ser trabalhadas e avaliadas.
Cada atividade deve ser pensada em termos qualitativos e quantitativos, ou seja, é preciso elaborar fichas que contemplem os critérios e as competências que estão sendo avaliadas, além de atribuir pontos a cada “qualidade” avaliada. Por exemplo, num seminário você pode avaliar se os alunos compreenderam o conteúdo, se conseguiram explicar de maneira interessante, se consultaram mais bibliografia além da indicada pelo professor, a forma do trabalho escrito, a forma de apresentação, etc. A cada item você pode atribuir conceitos qualitativos (suficiente, excelente, insuficiente/ bom/regular/ótimo, claro/obscuro, etc.) e conceitos quantitativos ( de 0 a 10).
Estes critérios e conceitos devem ser discutidos com aos alunos previamente. Após a avaliação deve-se discutir com os alunos os resultados e as medidas a serem tomadas para o aperfeiçoamento do processo.




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