sábado, 23 de abril de 2011

PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR- FUNDAMENTOS PSICOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO

COLÉGIO ESTADUAL BARÃO DO CERRO AZUL
ENSINO FUNDAMENTAL, MÉDIO ,NORMAL E PROFISSIONAL



PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR
FUNDAMENTOS PSICOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO



1. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA/ JUSTIFICATIVA:


A Psicologia como campo de conhecimento, esteve desde o século XIX, início da modernidade, atrelada aos desafios que se colocavam para a educação, pois veio se configurando, por meio dos seus estudos, parâmetros de normalidade, desenvolvimento e aprendizagem, de acordo com a universalização do ensino escolar, a construção de mentalidades que fizessem o mundo adentrar na nova ordem, na ordem do progresso tecnológico e das culturas voltadas ao futuro. Havia desde aquela época a consciência de que não se poderia pensar a educação, a formação humana, que desconsiderasse a compreensão das dimensões psicológicas e psicossociais dos homens, tarefa a que, desde seus primórdios, propõe-se a Psicologia.
Situar o ensino de Psicologia significa retomar a constituição da Educação no Brasil, como um sistema formal. Nos cursos profissionalizantes de nível médio, a Psicologia compõe os currículos de grande parte deles, em especial aqueles voltados ao Magistério.
Há, portanto, saberes psicológicos que se têm mostrado relevantes para a formação de jovens que conduzem sua vida escolar no rumo de uma profissão imediata, que responda às necessidades de seu cotidiano.
No ensino médio regular, a Psicologia da Educação, esteve presente de diversas formas, em distintos momentos históricos. Em 1890, passa a compor o currículo das Escolas Normais (MASSIMI,1993), nos programas de formação de professores.
Na formação de professores é parte do currículo tanto nas Escolas Normais Regionais, em nível ginasial, como nas Escolas Normais, que correspondiam ao segundo ciclo da educação secundária (ROMANELLI,2001).
Em 1982, com a LDB 7044, a Psicologia volta como disciplina da "parte diversificada" do currículo. O tecnicismo, como princípio e ênfase que marcam esses períodos, resultou no esvanecimento da importância da formação humana integral, tornando o ensino de segundo grau um conjunto desarticulado de saberes acadêmicos, separados em áreas estanques. Daí, resulta uma supressão ou quase supressão das humanidades da formação dos jovens, e, hoje, os próprios discursos oficiais, presentes na legislação brasileira, clamam pelo resgate de uma formação em que se valorize o humano em sua integralidade, e apontam para a importância do resgate das disciplinas da área humana nos currículos do nível médio de segundo grau.
A LDBEN 9394/96, de 1996, organizada em Parâmetros Curriculares Nacionais, fixados em três grandes áreas de ensino- Linguagens e Seus Códigos, Ciências da Matemática e da Natureza e Ciências Sociais, menciona, entre outros campos de conhecimento, a Psicologia como um dos saberes a serem incorporados aos currículos de nível médio da educação nacional, referindo:


A Psicologia, cujo desenvolvimento histórico alcançou grande significação no século XX, construiu um conhecimento sistematizado, a partir de conceitos e procedimentos, que vem tendo um impacto sobre o pensamento contemporâneo. A produção de seu conhecimento contribui para a compreensão dos processos humanos envolvidos no desenvolvimento cognitivo e afetivo, na aquisição da linguagem, na aprendizagem, na interação social e na constituição da identidade. (MEC/SEMTEC,2002)

Em seu artigo 35, a LDBEN 9394/96 nos desafia a pensar uma educação voltada para a formação ética e cidadã, para a autonomia intelectual, para a integralidade do humano. Aponta, portanto, para uma dimensão que se funda no trinômio - reflexão, criação, transformação.
Reconhece-se, ao se constatarem os desastres ambientais e sociais produzidos pela humanidade, o recrudescimento da intolerância, que marca as relações entre os cidadãos e entre os povos, o encolhimento da ética nas relações sociais, institucionais e transnacionais, além da ausência, na educação dos homens, da dimensão humana, que leve à reflexão, à relativização das crenças, à superação de preconceitos, às considerações de natureza ética no avanço do conhecimento.
É nesta perspectiva que a Psicologia da Educação vem discutindo sobre o seu papel como disciplina do Ensino Médio, que contribua para a formação crítica, autônoma e ética da juventude brasileira, reconhecendo a importância da formação humana e integral dos jovens; e oportunizando o levantamento de grandes questões para as quais a Psicologia teria relevantes contribuições a apresentar tais como: as discussões sobre a naturalização da conduta, a questão da afetividade, da relação profissão-trabalho, da alienação, entre outras.
Temos, hoje, mais de 150 anos de produção de conhecimentos em interface com a realidade educativa, e nos deparamos com o afastamento desse campo de conhecimentos na educação dos jovens. Passamos, ao longo desses anos, por severas críticas à Psicologia, que a situavam na área da patologização, da naturalização, da aceitação e manutenção do status quo, a partir da compreensão da escola como instituição que reproduz e reforça as relações de poder. Gramsci (1978) nos ensinou que a escola não é, como se acreditava, um espaço absoluto dos poderes hegemônicos, mas, sim, espaço da contradição, em que distintos atores sociais, com diferentes visões de mundo e localização na dinâmica social, circulam e interagem, e dessa circulação e interação constroem-se, ao mesmo tempo, dialeticamente, a aceitação e a resistência, a manutenção e a mudança.
Portanto, nessa escola - lugar da contradição - que busca, ao menos no texto da lei, a construção do sujeito autônomo, cidadão e crítico, cabe pensarmos uma disciplina de Psicologia que concebe o homem como sujeito de sua história e da cultura, que se constitui na relação com os outros homens e que, por meio da apropriação dos conhecimentos acumulados pela humanidade e do processo de reflexão, é capaz de transformar-se e transformar sua realidade. Uma Psicologia da Educação que possibilite aos futuros docentes uma leitura mais adequada das grandes questões e dilemas que marcam suas vidas, que promova processos reflexivos que levem à superação dos modelos impostos pela exacerbação da lógica do consumo, pelo culto ao indivíduo - em oposição ao coletivo, aos outros - que marca o neoliberalismo, pela desumanização das relações humanas.
Uma formação mais completa exige a presença de diversos saberes que colaboram para uma compreensão mais completa e complexa da realidade. A dimensão subjetiva dos fatos e do próprio desenvolvimento dos sujeitos não pode estar ausente, isto é, é preciso compreender os sentimentos, emoções, significados, registros de memória, valores, ideias que vão se constituindo acompanhando e viabilizando o movimento da realidade. Conhecer, refletir e considerar estes aspectos psicológicos permitem que jovens em formação possam fazer uma leitura do real que considere o que para muitos é invisível: o sujeito que é protagonista na cena social. Um sujeito que pensa, sente, se emociona, tem ideias, tem história e memória e estes elementos são fundamentais para o conhecimento da realidade com suas lógicas singulares.
Em todos os espaços onde nos encontrarmos e em todos os movimentos de vida coletiva, é preciso ir além da aparência e sermos capazes de perceber e conhecer a expressão da subjetividade que é também determinante importante da realidade, portanto, o conhecimento do mundo psicológico permite e amplia o conhecimento da sociedade, este espaço de vários e diferentes sujeitos constituídos e constituintes do conjunto e do cenário onde vivemos.
Em um momento em que tanto se fala em educação, em que esta aparece como prioritária, central, tanto nos discursos oficiais quanto acadêmicos, cremos que devemos superar os interesses corporativos, separatistas, em que certas áreas parecem se sobrepor a outras, e tomar o aluno como meta - a sua formação integral, humanista, crítica, emancipadora. Sendo assim, é de suma importância na formação docente, o ensino da Psicologia da Educação, pois esta, contitui-se como ciência humana, como ciência da subjetividade, dos homens em construção.



2. CONTEÚDOS:

Introdução ao estudo da Psicologia; Introdução à Psicologia da educação; Principais teorias psicológicas que influenciaram e influenciam a psicologia contemporânea: Skinner e a psicologia comportamental; Psicanálise e educação. O sócioconstrutivismo: Piaget, Vygotsky, Wallon. Psicologia do desenvolvimento da criança e do adolescente. Desenvolvimento da criança e do adolescente. Desenvolvimento humano e sua relação com aprendizagem. A linguagem, os aspectos sociais, culturais e afetivos da criança e a cognição.



3. METODOLOGIA DA DISCIPLINA:

Os conteúdos da disciplina de Fundamentos Psicológicos da Educação serão abordados de forma crítica e dinâmica, de maneira que a teoria esteja diretamente vinculada a prática, e interligada com a realidade dos educandos.
Para desenvolver o trabalho com a classe, o professor poderá fazer o uso de metodologias de ensino diversificadas, que atendam as especificidades dos educandos, tais como:
Textos: preferencialmente utilizados como introdução ao conteúdo, síntese ou leitura complementar. O aluno deve ser estimulado a ler além das palavras, contraporem ideias e compreender diferentes interpretações sobre um mesmo tema, analisando e argumentando.
Experimentos: não deve consistir apenas numa forma de constatação, mas sim de interpretação dos resultados obtidos e comparação com os previstos.
Debates: devem ser precedidos pelo domínio do tema proposto, para que a argumentação seja significativa e possibilite a interação da turma. Trata-se de uma excelente estratégia de ampliação do universo do aluno, devendo o professor selecionar aspectos relevantes ao assunto.
Aulas Expositivas: através delas o professor transfere os conteúdos aos seus alunos. São muito úteis para fornecer informações prévias para um debate, jogo ou até experimento. Porém, serão adequadas se estiverem baseadas no diálogo, na participação efetiva dos alunos e na construção coletiva do conhecimento.
Recursos Tecnológicos: adequados quando utilizados como complementação ou introdução. Um filme, um software, uso da TV pen drive, utilização do laboratório de informática e internet, um slide ou uma música podem contemplar tanto a necessidade concreta quanto a cognitiva, uma vez que o aluno terá que estabelecer conexões com o conteúdo estudado e aprofundar suas relações.
Jogos: são caracterizados pelo cunho desafiador, estimulando os alunos à superação de um problema.
Pesquisas: solicitadas como complemento do tema estudado, para anteceder uma discussão. O professor orientará o aluno, desde as fontes bibliográficas até o objetivo da pesquisa, delimitando ao máximo o assunto.
Projetos: É uma estratégia mais elaborada e de grande relevância ao aprimoramento teórico-prático dos alunos na Formação de Docentes; o projeto por sua vez, apresenta várias etapas: seleção do assunto, justificativa, objetivos, pesquisa de cunho bibliográfico, planos de aula e relatório final.
Aulas Práticas: sua função maior é proporcionar autonomia ao aluno para analisar resultados e inferir conclusões.
E ainda, o docente poderá fazer o uso de outras estratégias educativas, tais, como:
• Organizar os assuntos em momentos de estudo individual, grupos e trabalho coletivo;
• Uso de vídeos específicos com análise, discussão e interpretação de fatos;
• Trabalho com figuras ilustrativas, charges, etc.;
• Entrevistas, coletas e organização e utilização de dados;
• Leitura, produção e interpretação de textos;
• Análise e interpretação de letras musicais;
• Produção de paródias;
• Montagem de painéis;
• Técnicas de desenvolvimento da expressão oral;
• Palestras;
• Montagem de painéis;
• Apresentação de mini aulas e dramatizações;
• Produção de histórias em quadrinhos;
• Montagem de textos ilustrados e atividades lúdicas;
• Criação de peças teatrais.



4. PROPOSTA PARA AVALIAÇÃO

A avaliação dar-se-á a partir do processo de ensino e aprendizagem, sendo realizada de forma contínua, cumulativa e formativa, com o objetivo de diagnosticar a situação de aprendizagem de cada aluno, em relação à programação curricular. A avaliação não priorizará apenas o resultado ou o processo; contudo, terá como prática de investigação, interrogar a relação ensino aprendizagem e buscar identificar os conhecimentos construídos e as dificuldades de uma forma dialógica. O erro deverá ser considerado como um indicativo de como o educando está relacionando os conhecimentos que já possui com os novos conhecimentos que vão sendo adquiridos, admitindo uma melhor compreensão dos conhecimentos solidificados, numa interação do processo de construção e de reconstrução do conhecimento.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96, prioriza a educação em valores; segundo a qual, aprende-se para adquirir novas atitudes e valores. A LDB, ao se referir à verificação do conhecimento escolar, determina que sejam observados os critérios de avaliação contínua e cumulativa da atuação do educando, com prioridade dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais (Art. 24, V-a). Assim, o educando desenvolve a noção de responsabilidade e uma atitude crítica.
Desta forma, faz-se necessário criar oportunidades para que o aluno pratique a auto-avaliação, começando pela apreciação de si mesmo, de seus erros. Daí, a necessidade de uma educação dialógica, balizada na troca de ideias e opiniões e de uma conversa. A avaliação quando dialógica culmina na interação e no sucesso da aprendizagem, deve ser vista como função diagnóstica, dialógica e transformadora da realidade escolar.
A avaliação a ser feita tenderá a ser desenvolvida através de formas diversificadas, levando em consideração a participação ativa dos alunos em todas as circunstâncias, tais como:
• Argumentação oral;
• Resultados obtidos em exercícios, testes, trabalhos, pesquisas, experiências;
• Produção e interpretação de diferentes tipos de textos;
• Relatório descritivo de elaboração de experimentos;
• Relatórios de exibição de vídeo e pesquisas;
• Elaboração de painéis e textos ilustrativos;
• Produção de histórias em quadrinhos;
• Coleta e organização de informações;
• Análise, produção, interpretação e uso de recursos gráficos;
• Simulação de teste; provas;
• Análise e interpretação de letras musicais;
• Produção de paródias;
• Palestras;
• Resultados obtidos em dramatizações;



5. REFERÊNCIAS:


ALVES, Nilda e GARCIA, Regina Leite (Orgs.) O sentido da escola. 2ª edição. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

BOCK, Ana M. Bahia; FURTADO, Odair e TEIXEIRA, Maria de Lourdes T. Psicologias: Uma introdução ao estudo de Psicologia. São Paulo: Saraiva, 1991.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN 9394/96. Ministério da Educação, MEC: Brasília, 1996.

GRAMSCI, Antonio. Obras Escolhidas. São Paulo: Martins Fontes, 1978.

GOULART, Íris Barbosa. Piaget. Experiências Básicas para utilização pelo Professor. Petrópolis: Vozes, 1999.

MASSIMI, Marina. Psicologia:Teoria e Pesquisa. Brasília, 1993

PARANÁ. Diretrizes Curriculares Estaduais para o Ensino de Fundamentos Psicológicos da Educação. Formação de Docentes. SEED/PARANÁ. Curitiba, 2009.

PARANÁ. Projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual Barão do Cerro Azul. Cruz Machado, 2008.

REGO, Tereza Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórica – cultural da educação.
Petrópolis: Vozes, 1999.

ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil. Petrópolis: Ed. Vozes, 2001.

Nenhum comentário:

Postar um comentário